Nunca antes na história o ambiente corporativo foi tão impactado pelos movimentos da tecnologia. Se fizermos um balanço de todas as transformações que o mercado passou, fica quase impossível especular o que ainda está por vir, quanto mais identificar quais são as similaridades entre as empresas que mais crescem.
A sensação de quem atua “olhando pra frente” causa aflição, por isso, nesse caso, o melhor a se fazer é focar nos movimentos que precisam ser feitos agora (no presente!) para que o negócio drible o risco de vivenciar um futuro infértil, ultrapassado e obsoleto.
Embora soe irônico, no Brasil, ainda temos um grande privilégio. Por não sermos protagonistas de mudanças, tendências e inovação, os impactos levam mais tempo para chegar por aqui – então podemos assistir de camarote o comportamento de quem está na nossa frente e as consequências de cada uma de suas ações. Curioso, mas note que “ser lento”, neste caso, está nos ajudando a ganhar um pouco de fôlego.
No entanto lembre-se que estamos atrasados, e se você quer evitar um colapso no seu negócio por não conseguir identificar, aprender e se adaptar aos avanços tecnológicos, preste muita atenção em três atributos que já estão entre as empresas que mais crescem e que serão fundamentais para o futuro corporativo: Open Mind Culture, Data-driven Business e Timing
Open Mind Culture
Velhas crenças já não serão mais perdoadas no futuro (esse movimento já começou fortemente em vários mercados brasileiros – e mundo afora isso já é mais do que realidade). De agora em diante, você precisa criar o hábito de questionar as próprias convicções.
As famosas frases: “eu conheço o meu mercado”, “eu sei do que o meu cliente gosta”, “vai por mim”, “não acredito que essa ação vá funcionar”, “este caminho não me agrada” felizmente já não cabem mais. A “Cultura Mente Aberta” vem para ocupar papel fundamental nas companhias que gostam de ouvir e que estão dispostas a mudar a rota se assim for preciso. Muitas já entenderam que colocar as vaidades de lado é uma inteligente estratégia para se manterem vivas, eficientes e relevantes.
Mas veja, não confunda ser mente aberta com passar por cima de valores, ética ou moral. Estamos falando aqui de opiniões obtusas, de vaidades pessoais, de teimosia do conhecimento, de arrogância, de precipitação, de abuso de poder… estes itens estão entrando em extinção, principalmente numa era tão dinâmica e tão imprevisível como a que estamos presenciando agora.
Para fazer parte do futuro dos negócios, esse será um dos atributos fundamentais a ser adotado na cultura. Afinal, sem ele, muito provavelmente o seguinte nem passará perto de existir.
Data-driven Business
É muito improvável que você já tenha sido impactado por algum conteúdo sobre Data-driven nos últimos 6 meses, mas se isso não aconteceu, recomendo fortemente que leia mais, escrevemos mais detalhadamente sobre isso, no conteúdo “Data-driven Culture – A era onde métricas valem mais do que opinião”. Se existe uma nova filosofia de sucesso corporativo, ela, sem dúvida, passa pela maturidade de compreender e colocar “os dados” no epicentro das decisões.
Veja, você provavelmente já deve ser assinante Netflix, usuário do Airbnb, heavy user do Uber, adepto do IFood, e refém do Google, certo? Não por coincidência, todos estes negócios são “orientados a” e/ou “dirigidos por” dados. Ou seja, trabalham naturalmente coletando dados e não tomam nenhuma decisão sem analisá-los.
Difícil imaginar o seu negócio atuando dessa forma? Então será ainda mais difícil imaginar o seu negócio prosperando no futuro. Data-driven já não pode ser um atributo vocacional exclusivo do mercado enterprise. O futuro requer que as empresas sejam todas Data-driven, pois é isso que faz todo sentido quando passamos e medir todas as informações que estão dentro e fora do negócio. Acontece que, quando quase tudo pode ser medido, o malandrismo, a euforia e o “egofeeling”, deixam de imperar e são automaticamente substituídos por informação real e ferramentas de medição.
Para o mercado de publicidade, por exemplo, significa que entre um conceito e outro, vamos testar os dois e medir qual performou melhor. No fluxo comercial, estatisticamente, já sabemos qual público responde melhor aos nossos recursos. No varejo, já sabemos qual é o comportamento de um consumidor de cervejas e de um possível consumidor que está testando uma dieta vegetariana.
Agora, uma pizzaria com um simples sistema de cadastro super atualizado, pode começar a prever pedidos, desperdiçar menos matéria prima e surpreender seus clientes fiéis dos sábados e domingos à noite – basta olhar para o seu histórico e parametrizar as suas possibilidades de pedido. Ele (o cliente) pode querer mudar o cardápio, claro! Mas é mais provável que ele continue pedindo meia marguerita e meia calabresa, já que é isso que ele fez nos últimos 6 meses (todos os domingos). E este exemplo é para derrubar qualquer teoria de que é impossível pequenos negócios operarem com dados. veja esse conteúdo sobre Small Data, que subverte muitas crenças que você pode ter.
Notou como esta “tendência” converge com a anterior? Por isso uma precisa da outra para funcionar. Se você já está na vibe Open Mind, comece já a pensar como medir cada movimento do seu negócio – isso pode te colocar em um outro nível rapidamente.
Timing
Esse conceito nunca deixou de existir, mas em tempos como os que vivemos (onde as coisas surgem do nada e somem mais do nada ainda), conseguir compensar planejamento e ação dentro do timing perfeito, é sem dúvida um atributo de negócios campeões.
De alguns anos pra cá percebemos duas coisas interessantes:
- Um bom plano aplicado na hora errada é um péssimo plano.
Já ví construções perderem seu valor por conta de timing. Por ter perdido o momento certo de implantá-lo. Por ter sido atrasado ou adiado. Uma venda, por exemplo, tem o fator timing como um dos mais significativos para êxito. Não é difícil encontrar gente gastando um tempo enorme estudando um cliente, catalogando todas as variáveis e na hora da ligação, descobriu que alguém com uma oferta pior ligou uma semana antes e já vendeu.
- O impecável atrasado é quase sempre pior que o irregular adiantado.
É certo que a solução impecável é melhor do que a primeira ou segunda solução. De qualquer modo, depois que o problema foi sanado, até mesmo a solução estupenda já não serve mais. Quero dizer que não basta você ser o candidato perfeito de uma vaga. É preciso saber quando e como agir, antes que a posição seja preenchida.
Bom seria se tudo tivesse o tempo necessário para que fosse impecável, mas a realidade requer nossa habilidade de adaptação. A boa notícia é que, de uns anos pra cá, observando o mundo dos negócios, percebemos que o imperfeito é totalmente tolerável – desde que ele esteja disposto a ser cada dia melhor, agindo com atenção, humildade e agilidade.
O timing sempre foi mais importante que o modelo ideal, o “imperfeito feito” é mais efetivo que o “perfeito não feito”. E foi conduzindo as suas ações com atenção, humildade e agilidade, que essas companhias foram se tornando incríveis, super úteis e cheias de valor agregado – é dessa maneira, inclusive, que o mercado exponencial tem caminhado nos últimos anos.
A verdade é que as melhorias vêm com o tempo, ouvindo o cliente, identificando sinais ao redor, testando recursos, pedindo feedback ou sugestões, analisando e interpretando dados. É um ciclo que não para nunca e que está montado na estratégia de realizar as coisas no timing correto.
Se você conseguir colocar em prática essa tríade (Open Mind Culture, Data-driven Business e Timing), provavelmente ganhará um fôlego a mais para projetar o seu negócio no futuro.
Exercitar, antes de qualquer coisa, a humildade para reconhecer que essa nova era veio pra virar nossas convicções de ponta cabeça, ressignificar a nossa relação com o trabalho e carreira e, acima de tudo, nos forçar a olhar as coisas sob uma perspectiva diferente. Mas comece hoje, porque amanhã pode ser tarde demais, e como vimos, já estamos atrasados…
…do mais, sobre o futuro: “Não sabemos o que vem pela frente, só espero estar preparado para que não venha por trás.” (Romeu, da Tecnisa)